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As Teias e Tramas de uma cidade centenária




 
A cidade é feita de sonhos e de desejos. Sonhos e desejos que, um dia, se tornarão recordações, se incorporarão aos inúmeros labirintos da memória, revelarão as faces escuras do passado ou deixarão que elas permaneçam desconhecidas para sempre. Assim é a cidade, a grande moradia dos homens (REZENDE, 1992, p.21)



Dia 5 de agosto de 2010, a nossa cidade assoprou velinhas, completou 425 anos.
Uma cidade centenária que transpira história nas marcas de seus casarões coloniais e das janelas largas onde à tarde apareciam as moças casadoiras. O passado se oferece através de suas ruas e avenidas, abertas em nome da modernidade. Foi a terceira cidade a ser fundada no Brasil.
A história da Paraíba divide-se numa história oficial e por outro lado, uma outra história que está sendo feita. através da releitura e da crítica. Pois, chega de enaltecer a figura bravia dos portugueses e a traição de Piragibe (Tabajara) contra os índios Potiguaras, estes sim, habitantes naturais da Paraíba.


Nossa Senhora das Neves, Felipéia, Frederickstadt, Parahyba e João Pessoa, esses nomes revelam a ocupação dos portugueses, dos espanhóis e dos holandeses. Identidades múltiplas misturada a um povo único e singular.







Ao fundo o rio Sanhauá um rio que já foi navegável, foi nesse rio que se processou o acordo entre Martim Leitão e Piragibe, numa colina à direita do rio, pequeno afluente do rio Paraíba.  Em homenagem ao santo do dia a cidade passou a chamar-se Nossa Senhora da Neves, hoje João Pessoa.



Martim Leitão trouxe consigo carpinteiros, escravos, padres e trabalhadores no geral. Assim começou a labuta para construção de moradias, igrejas e fortes.

Mais tarde teve seu nome mudado para Filipéia de Nossa Senhora das Neves, quando da União das Coroas Ibéricas, Portugal e Espanha. Com o intuito de proteger-se das invasões estrangeiras deu-se início a construção do Forte de Cabedelo ou de Santa Catarina, local situado entre o rio e o mar.


Forte de Santa Catarina: Casa do comando e Quartel de tropa. A primeira construção era de Taipa e com o tempo passou por várias reformas. Além disso cabe salientar que foi aí que houve a celebração do primeiro culto protestante holandês em 1635.











 A cidade no período holandês passou a chamar-se Frederickstadt ficando sob esse domínio até 1654. Com a retomada pelos portugueses junto aos brasileiros a terra ganhou o nome de seu rio principal, Parahyba. 

Lindas igrejas compõem o cenário da cidade: Misericórdia, Santo Antônio (anexa ao convento São Francisco), São Bento, N.S. do Carmo, e N.S. da Conceição. Presença de ordens monásticas como os Jesuítas que se alojaram no atual Palácio do Governo e Faculdade de Direito, eles foram expulsos em 1593 pelo governador Feliciano Coelho. Além dos Jesuítas, tivemos ainda a presença dos beneditinos, carmelitas e franciscanos, estes por sua vez, rivalizavam com os jesuítas.   
                                          

No início do séc XX o parque era conhecido como Parque dos Irerês, devido a abundante quantidade de marrecos que ficavam no local, além disso, essa área integrava uma aldeia dos jesuítas. O local abrigou o Engenho da Lagoa. Só em 1922 na administração de Sólon de Lucena, a lagoa transformou-se em parque público.


                                                             Rua Areia em 1902

                                                          Rua Maciel Pinheiro em 1903



                                                       Pç. Pedro Américo em 1904

                                                               Pç. 1817 em 1908


                                                             Rua General Osório 1920

                                                       Pç. Antenor Navarro 1926


Pç. Vidal de Negreiros, vulgo "ponto de cem réis" o vulgo tornou-se popular devido ao preço da passagem do bonde, Cem Réis.


                                                        Prédio dos Correios em 1925


Nesta fotografia, vemos a Epitácio Pessoa, dizem alguns curiosos que houve um erro no corte desta avenida, pois, na época, o governador João Pessoa, desejava que ela desembocasse no palácio do Governo porque queria avistar o mar, mas infelizmente isso não aconteceu, hoje ela desemboca na atual Praça da Independência.


 Av. Guedes Pereira em 1944, observe que do lado direito uma charrete representa o rústico numa cidade com ares urbanizados, no meio o bonde fruto do progresso e à esquerda o carro, sinônimo de modernidade.

    A mesma avenida só que nos anos 60, observe os transeuntes, os automóveis e o alargamento da rua



Mas a cidade não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimões das escadas, nas antenas dos pára-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras (CALVINO, 1993, pp. 14-15).




Um misto do Antigo e do Novo, singular!!



 FONTES:
CALVINO, Italo. As cidades invisíveis.4ed.São Paulo: Companhia da Letras, 1993.
MELLO, Jose Octávio de A. João Pessoa, onde o sol nasce primeiro. 1ed. João Pessoa: Cortez, 2008.
REZENDE, Antonio Paulo. "(Des) Encantos Modernos: História da Cidade na década de Vinte". Tese de Doutoramento, Universidade de São Paulo, 1992.












Comentários

Grupo Diamantino disse…
eu sei da historia da lagoa
Anônimo disse…
Na verdade, não é alargamento da rua, mas os tapumes da construção do Edifício Régis.

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