No dia 20 de novembro, celebramos o “Dia da Consciência Negra”. Trata-se de uma data importante em nosso calendário, por buscar promover a conscientização sobre a importância da gente negra na formação da sociedade brasileira em seus mais variados aspectos, seja no campo das artes, língua, religião, costumes, economia e indústria.
A data faz referência ao líder quilombola Zumbi dos Palmares, que foi morto em 20 de novembro de 1695 pelos bandeirantes. Em um período marcado pela escravidão, os quilombos representavam espaços de resistência à opressão escravagista. Assim, a morte de Zumbi dos Palmares, pela sua significação histórica, foi reivindicada pelo movimento negro na década de 1970 como uma data para lembrar a luta e resistência dos negros que foram escravizados no Brasil, tomando a figura de Zumbi dos Palmares como a personificação da resistência à escravidão.
O legado africano na sociedade brasileira é incontestável, e podemos percebê-lo, por exemplo, em nosso vocabulário. As línguas africanas misturaram-se ao português e nos trouxeram palavras como: Oxalá, Ogum, maribondo, canjica, cachaça, quiabo, jiló, dentre outras. Na música, o samba; na dança, o batuque, ambos, ritmados pelos tambores que acompanhavam as divertidas festas dos negros no Brasil. Não podemos esquecer da capoeira, uma luta que envolve também a dança, e que representa a resistência escrava no Brasil colonial. Atualmente é considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Na gastronomia, podemos notar diversos elementos da cultura africana presentes em nossas receitas. Isso se deve ao fato de que os escravizados tiveram que adaptar ingredientes locais à sua culinária, misturando os temperos europeus e indígenas. Assim, reinventaram pratos e introduziram novos ingredientes, o que deu origem à culinária afro-brasileira.
Alimentos como vatapá, acarajé, mungunzá, cocada, feijoada, cuscuz, quiabo, inhame, jiló, dedê, banana, cará, dentre outros, são conhecidas iguarias da exuberante culinária afro-brasileira. Mas a feijoada, que teve sua origem nas senzalas, destacando-se como o prato mais atrativo da culinária nacional, os escravizados utilizavam as sobras das carnes dos senhores, aproveitando os pés e orelhas do animal e o feijão preto, cozinhando a iguaria em grandes caldeirões compartilhando-a com os pares.
Outro aspecto da contribuição do povo africano diz respeito à sua religiosidade. Ela que foi proibida pelos colonizadores portugueses de maneira que, muitos africanos, no sentido de driblar os senhores, associavam os seus deuses aos santos católicos, em total sincretismo religioso- Ogum seria São Jorge; São Pedro, Xangô; Nossa Senhora da Conceição, Iemanjá. Esse sincretismo religioso fazia parte da resistência dos escravizados, os quais, fingiam adorar os santos católicos quando na verdade estavam cultuando seus deuses. O candomblé e a umbanda são religiões que possuem diversos adeptos no Brasil, ambas de matriz africana.
A presença africana apresenta-se também nas artes, dança, música, artesanato, ritos sagrados, pinturas, bem como nas técnicas medicinais.
E é por tudo isso que celebramos a contribuição africana na sociedade brasileira e convidamos todos a refletirem sobre a história da gente negra daqui e de além mar. Homens e mulheres negras, muitos dos quais, reis e rainhas em sua terra natal, mas que foram escravizados (as) em território brasileiro. Mesmo assim, resistiram, lutaram e não aceitaram passivamente a condição de escravizados.
Este dia é um dia para refletirmos sobre a existência do racismo, tendo em vista que a sociedade brasileira foi estruturada na escravidão de pessoas negras e também de indígenas. Isso desembocou na discriminação racial de pessoas descendentes de antepassados que foram escravizados pelo colonizador europeus.
Sabemos que a educação é o caminho para alcançarmos a superação do racismo, adotar uma postura antirracista é dever de todos nós. E você pode fazer isso no cotidiano escolar, não aceitando piadas raciais, evitando expressões preconceituosas, pode também reconhecer que o racismo é uma realidade em nossa sociedade e denunciá-lo.
A nossa escola é um lugar onde deve imperar a diversidade das cores, pois não há espaço para discriminação. Que no dia de hoje possamos refletir sobre nossas práticas cotidianas para podermos construir uma sociedade livre de preconceitos.
Comentários